Graça
e paz á todos!
Hoje
tratarei da análise do filme O Mundo Perdido: Jurassic Park 2.
Há
algum tempo atrás, eu fiz uma análise do ponto de vista do
sobrevivencialismo e da preparação do filme Jurassic Park (o
primeiro, caso deseje vê-la, clique aqui) onde mostrei como o filme
é mal-construído do ponto de vista sobrevivencialista. Agora vamos
para o segundo filme dessa franquia: aviso que HÁ
SPOILERS
(isto é: revelações da história do filme), portanto se não
desejar “perder a graça”, saia desse artigo e vá assistir o
filme primeiro.
Começando…
O
segundo filme da franquia Jurassic Park começa um pouquinho mais
tranquilo em relação ao primeiro: uma família de super-ricões
está viajando de iate pelo Oceano Pacífico e decidem comer em uma
praia com toda a pompa e circunstância. A família (chama-se Bowen,
de acordo com a sinopse) é composta de um pai (displicente), uma mãe
(dondoca) e uma menina pequena com menos de dez anos de idade chamada
Cathy.
Cathy
se afasta dos pais (sob protestos da mãe e com a total conivência
do pai) e acaba sendo atacada pelos Compsognato, que a deixam
machucada (mas viva, de acordo com John Hammond). A primeira lição
sobrevivencialista do filme: NUNCA acesse uma área selvática que
seja de seu total desconhecimento: se o casal tivesse consciência de
que ali era uma ilha com dinossauros, JAMAIS teriam pensado em
desembarcarem ali. A segunda lição é a mais óbvia: tome cuidado
com os membros de sua família, principalmente os menores e mais
fracos.
A
cena seguinte mostra Ian Malcolm (o cara que se ferrou no primeiro
filme, lembram?) em um metrô.
Na
mansão de Hammond, Ian tem uma discussão com Peter Ludlow (sobrinho
de John Hammond) que destruiu a reputação dele acobertando os fatos
ocorridos no primeiro filme. Após a discussão, o dr.Malcolm segue
para conversar com Hammond, que conta as más-notícias: o ataque com
Cathy; a InGen usou isso como desculpa para retirar Hammond do cargo
de presidente da empresa; a corporação irá enviar uma expedição
á chamada “ilha b”, também conhecida como “Ilha Sorna”;
O
plano de John Hammond é simples: ele decide enviar a sua própria
expedição, mas para documentar os hábitos e a existência dos
dinossauros e levar isso ao conhecimento do público (que diga-se de
passagem, não sabe da existência dos dinossauros até aquela
presente data).
Após
relutar, Ian aceita partir para a ilha após saber que a sua
namorada, Sarah Harding já se encontra em Sorna. Antes da bombástica
revelação, Hammond havia dito á Ian que o infravermelho dos
satélites haviam indicado que os predadores se concentravam no
centro da ilha.
Ian
se reúne com Eddie Carr (especialista de campo) e Nick Van Owen
(repórter e “garanhão” metido á ambientalista), membros da
equipe que deverão ir até a Ilha Sorna e se encontrarem com a
dra.Harding (paleontologista) para assim recolherem imagens e
gravações de áudio e vídeo dos dinossauros. Exceto Ian Malcolm,
ninguém da equipe possui experiência prática em sobrevivência,
principalmente, sobrevivência á dinossauros!
Pouco
antes de desembarcarem na ilha, o condutor da balsa avisa que não
aportará em Sorna e que o arquipélago inteiro é conhecido como
“Las Cinco Muertes”.
Na
Ilha
Uma
vez em Sorna, a equipe capitaneada por Ian Malcolm arma o seu
acampamento e segue atrás da dra.Sarah Harding, que está observando
e fotografando um bando de estegossauros. De maneira imprudente,
Sarah aproxima-se de um filhote de estegossauros e após acariciá-lo,
tira fotos dele até que a máquina fotográfica termina o rolo (para
os mais novos: antes dos cartões de memória, as máquinas
fotográficas eram em filmes e quando o rolo acabava, rebobinava
automaticamente fazendo um barulho): o barulho do rebobinamento faz
com que os estegossauros ataquem Sarah que quase é morta. Nunca
ponha-se em perigo desnecessariamente, caro
preparador/sobrevivencialista! Eu sei que é apenas um filme, mas
devemos tomar lições para a nossa vida, certo?
Para
piorar a situação, a equipe descobre que Kelly Malcolm, filha de
Ian Malcolm, estava escondida no trailer… em meio a discussão que
se segue, ouve-se e visualiza-se helicópteros da InGen: a expedição
de Peter Ludlow chegou á ilha!
Os
homens de Ludlow (liderados por Roland Tembo – um experiente
caçador, um verdadeiro sobrevivencialista! - e Dieter Stark)
capturam vários dinossauros e armam o seu acampamento, dispondo as
jaulas com as feras nos arredores do acampamento. Enquanto isso,
Roland e o seu amigo Ajay Sidhu, saem em busca do T-Rex e para
atraí-lo, capturam o filhote dele e o colocam em um local-chave para
a captura (á favor do vento).
Ian,
Sarah, Eddie e Nick, aproveitam o fato de que todos os membros da
equipe de Ludlow estão em uma vídeo-conferência ao vivo com os
acionistas da InGen e soltam os dinossauros, que atacam e destroem o
acampamento de Ludlow.
Enquanto
fugiam, Sarah e Nick vêem o filhote de T-Rex preso ao chão: ele
está com o fêmur fraturado e eles decidem tratar do ferimento do
animal em seu próprio acampamento. Ian e Eddie consideram isso
loucura, bem como Kelly, mas nada pode ser feito ante a teimosia da
paleontóloga e do repórter. Kelly, muito assustada, exige sair dali
e é conduzida ao abrigo suspenso de Eddie, que fica com ela no topo,
junto com Ian: é quando o farfalhar de galhos e leves tremores de
terras são ouvidos… são o casal de T-Rex, que sentem o cheiro e
os gritos do filhote e vão ao acampamento de Ian e cia para
salvá-lo!
Ian
corre para o acampamento apenas para avisar (tarde demais) que os
T-Rex estavam á caminho…
Á
seguir, a cena mais desesperadora do filme acontece: depois de
devolverem o filhote, o casal de predadores atacam o trailer,
deixando-o próximo de despencar no promontório: montar um
acampamento próximo de um promontório é uma boa idéia, pois o
mar, junto com o paredão, servem de “muralhas naturais”, mas no
filme, acampar ali mostrou-se uma burrice enorme. Mas na vida real,
armar acampamentos-bases em regiões com obstáculos naturais é sim
uma boa idéia e aí o filme acertou: só tome cuidado para que você
e eventuais companheiros fiquem (literalmente) em uma situação sem
saída.
Eddie
pega a sua pick-up e segue para o acampamento e após momentos de
desespero, as coisas começam a melhorar, pois ele consegue jogar uma
corda para Nick, Sarah e Ian, além disso, o carro dele está
rebocando o trailer. No entanto, por causa da fumaça emitida pela
pick-up, os T-Rex reaparecem e matam Eddie, fazendo com que o carro
dele e o trailer caiam pelo promontório e explodam. Felizmente, Ian,
Sarah e Nick estão bem atados á corda e escalam o paredão, apenas
para serem auxiliados pelos homens de Ludlow, que estão junto com
Kelly (provavelmente a garota os conduziu até ali).
A
Reação
Após
uma troca de acusações e discussões acaloradas que quase
terminaram em “street fighter”, as duas equipes descobrem que
estão sem possibilidades de comunicação externa (ou seja: presos
na Ilha Sorna…). Mas há uma solução: no centro da ilha,
encontra-se uma estação de comunicação, que é abastecida com
energia geotérmica. O problema é que o território dos
Velociraptores fica ali!
Aqui
vai uma lição: NÃO coloque todos os seus suprimentos, equipamentos
e demais itens em um mesmo local, coloque um “back-up”
(suporte/apoio) na forma de um tubo de sobrevivência. Eu postei um
vídeo no canal da Iniciativa, o que é e como fazer um “saco de
sobrevivência”, que é mais barato e mais fácil de fazer do que
um tubo de sobrevivência:
Vídeo introdutório do Saco de Sobrevivência
Vídeo ensinando como fazer um Saco de Sobrevivência
Se
a equipe de Ian tivesse trabalhado com o conceito de tubo/saco de
sobrevivência, certamente eles não estariam em situação tão
crítica…
E
mais uma crítica ao filme: assim como na análise do primeiro filme,
eu critico o fato de Ludlow não ter levado consigo um equipamento de
comunicação independente, como um telefone via-satélite, por
exemplo.
Também
critico o fato de nenhum dos personagens da equipe de Ian ter preso
consigo, junto ao corpo, um equipamento de sobrevivência. No filme,
eventuais necessidades do dr.Malcolm e sua equipe, foram supridas
pela equipe de Peter Ludlow, mas na vida real as coisas não são
fáceis ou simples assim…
Mortes
e Mais Mortes!
Após
as discussões (e brigas) terminarem, Roland toma a iniciativa de
seguir para o centro da ilha e todos o seguem imediatamente.
Depois
de um dia inteiro de caminhada, o grupo chega á uma floresta com
pinheiros e samambaias, onde fazem uma parada rápida. Dieter e
Carter sentam-se um pouco mais afastado em relação ao grupo e o
primeiro “vai ao banheiro”, porém Carter está ouvindo música
com fones de ouvidos e não escuta Dieter, que acaba se perdendo no
meio do mato e ficando sem as suas armas.
O
sujeito cai em um barranco e é emboscado por um bando de
Compsognato, que o devoram. A presença de Dieter só é notada
quando o grupo decide partir. Roland pega Carter e um outro indivíduo
e saem em busca do membro desaparecido, antes, marcando um ponto de
encontro com o restante da equipe para que possam se encontrar
depois.
Percebe-se
que Roland (um caçador experiente e muito prudente) é o
sobrevivencialista por excelência: domina a leitura de mapas, é
destemido, sabe atirar, sabe se movimentar (e quando não fazê-lo)
além de ter boas iniciativas. O caso de Dieter, nos mostra que nunca
devemos ficar sozinhos no mato e que devemos sempre marcar a trilha
que pegamos, pois para olhos destreinados, o mato é “tudo igual”.
De
noite, Roland, Carter e o terceiro membro de seu grupo de busca e
resgate se encontram com o restante do grupo (que estava sendo
liderado por Ajay). Após uma conferência com Ian e Ajay, Roland
informa que Dieter está morto e que eles estão próximos do centro
de comunicações (“vila”, como eles o chamam no filme) e que o
grupo descansará por mais uma hora e então, todos partirão.
O
plano corria bem, até que o casal de T-Rex (guiados pelo cheiro de
sangue de seu filhote, que encontra-se na jaqueta da dra.Sarah
Harding) aparece no acampamento, causando um alvoroço. Um dos T-Rex
persegue os humanos: Carter é morto, bem como o paleontologista
Robert Burke. Sarah, Nick e Kelly ficam presos em uma caverna, porém
Ian aparece e os guia para a trilha.
O
outro T-Rex fica vagando pelo acampamento e Roland (após ter
sabotada a sua tentativa de matar a fera) decide utilizar
tranquilizantes ao invés de balas.
Enquanto
Ian e a sua equipe ficavam para trás, a equipe de Roland está
dividida: Roland e Peter Ludlow estão nas proximidades do
acampamento onde os T-Rex atacaram; enquanto todo o restante da
equipe (incluíndo Ajay) estão na última milha antes de chegarem na
vila: é quando eles são atacados pelos Velociraptores. Na fuga,
Ajay joga a sua mochila ao chão, mas acaba sendo pego da mesma
maneira…
Ian
e a sua “tropa” chegam no local onde Ajay e o seu grupo foram
atacados e encontram a mochila dele e percebem que os Velociraptores
estão por perto e que o grupo aparentemente foi morto… eles saem
em disparada e terminam caindo em um barranco que conduz diretamente
a vila. Nick Van Owen pega a mochila pertencente a Ajay e dirige-se
sozinho para o centro de comunicações, deixando Ian, Sarah e Kelly
para trás (Ian estava esbaforido).
Acessando
a mochila de Ajay, Nick obtém o documento com instruções de como
pedir ajuda por rádio bem como as coordenadas. Do ponto de vista
sobrevivencialista, a fuga da área onde os Raptores se encontravam e
a obediência á um protocolo de resgate, são impecáveis: evadir às
vezes é a melhor (e única) solução para sobreviver.
Mais
tarde, Ian, Sarah e Kelly chegam na vila e procurando por Nick, são
atacados por três Velociraptores. A cena é muito longa para
descrever, mas quem já viu sabe exatamente o que eu escrevo aqui: a
essência do sobrevivencialismo mais do que equipamentos e treino, é
a capacidade de adaptar-se a crises que aparecem na frente de uma
pessoa! O trio utilizando de parcos recursos, conseguiu proteger-se,
escapar e evadir das mãos (das presas, na verdade…) dos
Velociraptores.
Nick
aparece e junto com ele, um helicóptero pousa no telhado da
estrutura e o quarteto é resgatado. Ian fica sabendo que outros
helicópteros estão na ilha buscando pelos outros sobreviventes.
Nesse momento, ele vê o T-Rex adormecido por Roland, que despede-se
de Ludlow afirmando que está “cansado da companhia da morte”.
Em
San Diego
Ao
chegarem no continente (na cidade de San Diego) Ian e Sarah
dirigem-se para as docas pertencentes a InGen, onde Peter Ludlow e
diversos magnatas esperam a chegada do cargueiro com o T-Rex
capturado. O navio acaba chocando-se com o porto e após uma rápida
vistoria, percebe-se que a tripulação foi atacada por alguma fera.
Enfim o T-Rex desperta e ataca tudo o que se mexe. O dinossauro sai
das docas e passa a atacar transêuntes pelas ruas e nada parece
detê-lo. Vale á pena destacar a cena em que uma multidão corre em uma direção (em um verdadeiro estouro de manada) e um “nerd” em um
lance mal pensado e impulsivo, tenta entrar em uma locadora de filmes
e é devorado pelo Tiranossauro. Nunca tome decisões por impulso em
uma situação de crise.
Por
fim, Ian e Sarah pegam o filhote (que havia sido levado de aeronave
até um anfiteatro) e usam-no para atrair o T-Rex até o navio,
trancafiando ambos nos porões da embarcação (mas não sem antes, a
dra.Harding disparar um tranquilizante) no adulto. No processo, Peter
Ludlow acaba sendo morto pelos Tiranossauros em uma cena claramente
anti-capitalismo em que “o empresário ganancioso morre vítima de
sua própria ganância” (pura baboseira esquerdista).
O
filme termina com a televisão ligada, onde Bernard Shaw, um
jornalista de esquerda, noticia na CNN (uma rede também esquerdista,
diga-se de passagem) que o navio está sendo conduzido em segurança
até a Ilha Sorna (e escoltado pela U.S Navy). Kelly Malcolm, cobre
com um cobertor, o pai (Ian) e a namorada dele (Sarah Harding) que
estão exaustos e dormem no sofá em frente ao aparelho já citado,
onde John Hammond faz um apelo ambientalista em favor dos
dinossauros.
Considerações
Bom,
esse filme da franquia Jurassic Park, diferente de seu antecessor,
possui pessoas mais bem-preparadas para lidarem com as situações de
crises que ocorrem ao longo da película. A crítica que faço é ao apelo esquerdista que há nele o tempo todo. Se você não
se importar de aturar imbecilidades como: “ambientalismo”,
“anti-capitalismo”, “luta de classes” e outros, assistir esse
filme não será problema.
Link
da análise do filme Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros aqui.
Em
breve, a análise do terceiro e último filme da franquia Jurassic
Park!