sexta-feira, 24 de março de 2017

O Mundo Perdido: Jurassic Park 2 – Uma Análise Preparadora (e Sobrevivencialista)



Graça e paz á todos!

Hoje tratarei da análise do filme O Mundo Perdido: Jurassic Park 2.

Há algum tempo atrás, eu fiz uma análise do ponto de vista do sobrevivencialismo e da preparação do filme Jurassic Park (o primeiro, caso deseje vê-la, clique aqui) onde mostrei como o filme é mal-construído do ponto de vista sobrevivencialista. Agora vamos para o segundo filme dessa franquia: aviso que HÁ SPOILERS (isto é: revelações da história do filme), portanto se não desejar “perder a graça”, saia desse artigo e vá assistir o filme primeiro.


Começando…
O segundo filme da franquia Jurassic Park começa um pouquinho mais tranquilo em relação ao primeiro: uma família de super-ricões está viajando de iate pelo Oceano Pacífico e decidem comer em uma praia com toda a pompa e circunstância. A família (chama-se Bowen, de acordo com a sinopse) é composta de um pai (displicente), uma mãe (dondoca) e uma menina pequena com menos de dez anos de idade chamada Cathy.

Cathy se afasta dos pais (sob protestos da mãe e com a total conivência do pai) e acaba sendo atacada pelos Compsognato, que a deixam machucada (mas viva, de acordo com John Hammond). A primeira lição sobrevivencialista do filme: NUNCA acesse uma área selvática que seja de seu total desconhecimento: se o casal tivesse consciência de que ali era uma ilha com dinossauros, JAMAIS teriam pensado em desembarcarem ali. A segunda lição é a mais óbvia: tome cuidado com os membros de sua família, principalmente os menores e mais fracos.

A cena seguinte mostra Ian Malcolm (o cara que se ferrou no primeiro filme, lembram?) em um metrô.

Na mansão de Hammond, Ian tem uma discussão com Peter Ludlow (sobrinho de John Hammond) que destruiu a reputação dele acobertando os fatos ocorridos no primeiro filme. Após a discussão, o dr.Malcolm segue para conversar com Hammond, que conta as más-notícias: o ataque com Cathy; a InGen usou isso como desculpa para retirar Hammond do cargo de presidente da empresa; a corporação irá enviar uma expedição á chamada “ilha b”, também conhecida como “Ilha Sorna”;

O plano de John Hammond é simples: ele decide enviar a sua própria expedição, mas para documentar os hábitos e a existência dos dinossauros e levar isso ao conhecimento do público (que diga-se de passagem, não sabe da existência dos dinossauros até aquela presente data).

Após relutar, Ian aceita partir para a ilha após saber que a sua namorada, Sarah Harding já se encontra em Sorna. Antes da bombástica revelação, Hammond havia dito á Ian que o infravermelho dos satélites haviam indicado que os predadores se concentravam no centro da ilha.

Ian se reúne com Eddie Carr (especialista de campo) e Nick Van Owen (repórter e “garanhão” metido á ambientalista), membros da equipe que deverão ir até a Ilha Sorna e se encontrarem com a dra.Harding (paleontologista) para assim recolherem imagens e gravações de áudio e vídeo dos dinossauros. Exceto Ian Malcolm, ninguém da equipe possui experiência prática em sobrevivência, principalmente, sobrevivência á dinossauros!

Pouco antes de desembarcarem na ilha, o condutor da balsa avisa que não aportará em Sorna e que o arquipélago inteiro é conhecido como “Las Cinco Muertes”.


Na Ilha
Uma vez em Sorna, a equipe capitaneada por Ian Malcolm arma o seu acampamento e segue atrás da dra.Sarah Harding, que está observando e fotografando um bando de estegossauros. De maneira imprudente, Sarah aproxima-se de um filhote de estegossauros e após acariciá-lo, tira fotos dele até que a máquina fotográfica termina o rolo (para os mais novos: antes dos cartões de memória, as máquinas fotográficas eram em filmes e quando o rolo acabava, rebobinava automaticamente fazendo um barulho): o barulho do rebobinamento faz com que os estegossauros ataquem Sarah que quase é morta. Nunca ponha-se em perigo desnecessariamente, caro preparador/sobrevivencialista! Eu sei que é apenas um filme, mas devemos tomar lições para a nossa vida, certo?

Para piorar a situação, a equipe descobre que Kelly Malcolm, filha de Ian Malcolm, estava escondida no trailer… em meio a discussão que se segue, ouve-se e visualiza-se helicópteros da InGen: a expedição de Peter Ludlow chegou á ilha!

Os homens de Ludlow (liderados por Roland Tembo – um experiente caçador, um verdadeiro sobrevivencialista! - e Dieter Stark) capturam vários dinossauros e armam o seu acampamento, dispondo as jaulas com as feras nos arredores do acampamento. Enquanto isso, Roland e o seu amigo Ajay Sidhu, saem em busca do T-Rex e para atraí-lo, capturam o filhote dele e o colocam em um local-chave para a captura (á favor do vento).

Ian, Sarah, Eddie e Nick, aproveitam o fato de que todos os membros da equipe de Ludlow estão em uma vídeo-conferência ao vivo com os acionistas da InGen e soltam os dinossauros, que atacam e destroem o acampamento de Ludlow.

Enquanto fugiam, Sarah e Nick vêem o filhote de T-Rex preso ao chão: ele está com o fêmur fraturado e eles decidem tratar do ferimento do animal em seu próprio acampamento. Ian e Eddie consideram isso loucura, bem como Kelly, mas nada pode ser feito ante a teimosia da paleontóloga e do repórter. Kelly, muito assustada, exige sair dali e é conduzida ao abrigo suspenso de Eddie, que fica com ela no topo, junto com Ian: é quando o farfalhar de galhos e leves tremores de terras são ouvidos… são o casal de T-Rex, que sentem o cheiro e os gritos do filhote e vão ao acampamento de Ian e cia para salvá-lo!

Ian corre para o acampamento apenas para avisar (tarde demais) que os T-Rex estavam á caminho…

Á seguir, a cena mais desesperadora do filme acontece: depois de devolverem o filhote, o casal de predadores atacam o trailer, deixando-o próximo de despencar no promontório: montar um acampamento próximo de um promontório é uma boa idéia, pois o mar, junto com o paredão, servem de “muralhas naturais”, mas no filme, acampar ali mostrou-se uma burrice enorme. Mas na vida real, armar acampamentos-bases em regiões com obstáculos naturais é sim uma boa idéia e aí o filme acertou: só tome cuidado para que você e eventuais companheiros fiquem (literalmente) em uma situação sem saída.

Eddie pega a sua pick-up e segue para o acampamento e após momentos de desespero, as coisas começam a melhorar, pois ele consegue jogar uma corda para Nick, Sarah e Ian, além disso, o carro dele está rebocando o trailer. No entanto, por causa da fumaça emitida pela pick-up, os T-Rex reaparecem e matam Eddie, fazendo com que o carro dele e o trailer caiam pelo promontório e explodam. Felizmente, Ian, Sarah e Nick estão bem atados á corda e escalam o paredão, apenas para serem auxiliados pelos homens de Ludlow, que estão junto com Kelly (provavelmente a garota os conduziu até ali).


A Reação
Após uma troca de acusações e discussões acaloradas que quase terminaram em “street fighter”, as duas equipes descobrem que estão sem possibilidades de comunicação externa (ou seja: presos na Ilha Sorna…). Mas há uma solução: no centro da ilha, encontra-se uma estação de comunicação, que é abastecida com energia geotérmica. O problema é que o território dos Velociraptores fica ali!

Aqui vai uma lição: NÃO coloque todos os seus suprimentos, equipamentos e demais itens em um mesmo local, coloque um “back-up” (suporte/apoio) na forma de um tubo de sobrevivência. Eu postei um vídeo no canal da Iniciativa, o que é e como fazer um “saco de sobrevivência”, que é mais barato e mais fácil de fazer do que um tubo de sobrevivência:


Vídeo introdutório do Saco de Sobrevivência


Vídeo ensinando como fazer um Saco de Sobrevivência

Se a equipe de Ian tivesse trabalhado com o conceito de tubo/saco de sobrevivência, certamente eles não estariam em situação tão crítica…

E mais uma crítica ao filme: assim como na análise do primeiro filme, eu critico o fato de Ludlow não ter levado consigo um equipamento de comunicação independente, como um telefone via-satélite, por exemplo.

Também critico o fato de nenhum dos personagens da equipe de Ian ter preso consigo, junto ao corpo, um equipamento de sobrevivência. No filme, eventuais necessidades do dr.Malcolm e sua equipe, foram supridas pela equipe de Peter Ludlow, mas na vida real as coisas não são fáceis ou simples assim…


Mortes e Mais Mortes!
Após as discussões (e brigas) terminarem, Roland toma a iniciativa de seguir para o centro da ilha e todos o seguem imediatamente.

Depois de um dia inteiro de caminhada, o grupo chega á uma floresta com pinheiros e samambaias, onde fazem uma parada rápida. Dieter e Carter sentam-se um pouco mais afastado em relação ao grupo e o primeiro “vai ao banheiro”, porém Carter está ouvindo música com fones de ouvidos e não escuta Dieter, que acaba se perdendo no meio do mato e ficando sem as suas armas.

O sujeito cai em um barranco e é emboscado por um bando de Compsognato, que o devoram. A presença de Dieter só é notada quando o grupo decide partir. Roland pega Carter e um outro indivíduo e saem em busca do membro desaparecido, antes, marcando um ponto de encontro com o restante da equipe para que possam se encontrar depois.

Percebe-se que Roland (um caçador experiente e muito prudente) é o sobrevivencialista por excelência: domina a leitura de mapas, é destemido, sabe atirar, sabe se movimentar (e quando não fazê-lo) além de ter boas iniciativas. O caso de Dieter, nos mostra que nunca devemos ficar sozinhos no mato e que devemos sempre marcar a trilha que pegamos, pois para olhos destreinados, o mato é “tudo igual”.

De noite, Roland, Carter e o terceiro membro de seu grupo de busca e resgate se encontram com o restante do grupo (que estava sendo liderado por Ajay). Após uma conferência com Ian e Ajay, Roland informa que Dieter está morto e que eles estão próximos do centro de comunicações (“vila”, como eles o chamam no filme) e que o grupo descansará por mais uma hora e então, todos partirão.

O plano corria bem, até que o casal de T-Rex (guiados pelo cheiro de sangue de seu filhote, que encontra-se na jaqueta da dra.Sarah Harding) aparece no acampamento, causando um alvoroço. Um dos T-Rex persegue os humanos: Carter é morto, bem como o paleontologista Robert Burke. Sarah, Nick e Kelly ficam presos em uma caverna, porém Ian aparece e os guia para a trilha.

O outro T-Rex fica vagando pelo acampamento e Roland (após ter sabotada a sua tentativa de matar a fera) decide utilizar tranquilizantes ao invés de balas.

Enquanto Ian e a sua equipe ficavam para trás, a equipe de Roland está dividida: Roland e Peter Ludlow estão nas proximidades do acampamento onde os T-Rex atacaram; enquanto todo o restante da equipe (incluíndo Ajay) estão na última milha antes de chegarem na vila: é quando eles são atacados pelos Velociraptores. Na fuga, Ajay joga a sua mochila ao chão, mas acaba sendo pego da mesma maneira…

Ian e a sua “tropa” chegam no local onde Ajay e o seu grupo foram atacados e encontram a mochila dele e percebem que os Velociraptores estão por perto e que o grupo aparentemente foi morto… eles saem em disparada e terminam caindo em um barranco que conduz diretamente a vila. Nick Van Owen pega a mochila pertencente a Ajay e dirige-se sozinho para o centro de comunicações, deixando Ian, Sarah e Kelly para trás (Ian estava esbaforido).

Acessando a mochila de Ajay, Nick obtém o documento com instruções de como pedir ajuda por rádio bem como as coordenadas. Do ponto de vista sobrevivencialista, a fuga da área onde os Raptores se encontravam e a obediência á um protocolo de resgate, são impecáveis: evadir às vezes é a melhor (e única) solução para sobreviver.

Mais tarde, Ian, Sarah e Kelly chegam na vila e procurando por Nick, são atacados por três Velociraptores. A cena é muito longa para descrever, mas quem já viu sabe exatamente o que eu escrevo aqui: a essência do sobrevivencialismo mais do que equipamentos e treino, é a capacidade de adaptar-se a crises que aparecem na frente de uma pessoa! O trio utilizando de parcos recursos, conseguiu proteger-se, escapar e evadir das mãos (das presas, na verdade…) dos Velociraptores.

Nick aparece e junto com ele, um helicóptero pousa no telhado da estrutura e o quarteto é resgatado. Ian fica sabendo que outros helicópteros estão na ilha buscando pelos outros sobreviventes. Nesse momento, ele vê o T-Rex adormecido por Roland, que despede-se de Ludlow afirmando que está “cansado da companhia da morte”.


Em San Diego
Ao chegarem no continente (na cidade de San Diego) Ian e Sarah dirigem-se para as docas pertencentes a InGen, onde Peter Ludlow e diversos magnatas esperam a chegada do cargueiro com o T-Rex capturado. O navio acaba chocando-se com o porto e após uma rápida vistoria, percebe-se que a tripulação foi atacada por alguma fera. Enfim o T-Rex desperta e ataca tudo o que se mexe. O dinossauro sai das docas e passa a atacar transêuntes pelas ruas e nada parece detê-lo. Vale á pena destacar a cena em que uma multidão corre em uma direção (em um verdadeiro estouro de manada) e um “nerd” em um lance mal pensado e impulsivo, tenta entrar em uma locadora de filmes e é devorado pelo Tiranossauro. Nunca tome decisões por impulso em uma situação de crise.

Por fim, Ian e Sarah pegam o filhote (que havia sido levado de aeronave até um anfiteatro) e usam-no para atrair o T-Rex até o navio, trancafiando ambos nos porões da embarcação (mas não sem antes, a dra.Harding disparar um tranquilizante) no adulto. No processo, Peter Ludlow acaba sendo morto pelos Tiranossauros em uma cena claramente anti-capitalismo em que “o empresário ganancioso morre vítima de sua própria ganância” (pura baboseira esquerdista).

O filme termina com a televisão ligada, onde Bernard Shaw, um jornalista de esquerda, noticia na CNN (uma rede também esquerdista, diga-se de passagem) que o navio está sendo conduzido em segurança até a Ilha Sorna (e escoltado pela U.S Navy). Kelly Malcolm, cobre com um cobertor, o pai (Ian) e a namorada dele (Sarah Harding) que estão exaustos e dormem no sofá em frente ao aparelho já citado, onde John Hammond faz um apelo ambientalista em favor dos dinossauros.


Considerações
Bom, esse filme da franquia Jurassic Park, diferente de seu antecessor, possui pessoas mais bem-preparadas para lidarem com as situações de crises que ocorrem ao longo da película. A crítica que faço é ao apelo esquerdista que há nele o tempo todo. Se você não se importar de aturar imbecilidades como: “ambientalismo”, “anti-capitalismo”, “luta de classes” e outros, assistir esse filme não será problema.

Link da análise do filme Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros aqui.

Em breve, a análise do terceiro e último filme da franquia Jurassic Park!